01/02/13 - Presídio Antônio Dutra Ladeira ensina piscicultura a detentos e doa peixes a comunidade carente


O Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, realizou nesta quinta-feira (31.01) a quarta despesca de peixes criados dentro da unidade. Cerca de uma tonelada de tilápias, que foram alimentadas e cuidadas por uma equipe de detentos, foram distribuídas – pelos próprios presos – na comunidade de Vila Hortinho, que fica próxima à unidade prisional.  Essa é a primeira vez que os peixes foram entregues vivos diretamente à população carente. Antes, eles iam para o Banco de Alimentos do município e então doados para instituições.
O analista de Comércio Exterior do Ministério da Pesca e Aquicultura, Renato Cardoso, acredita que essa é a melhor forma de fazer os peixes chegarem ao consumidor. Segundo ele, ”a entrega do peixe vivo é importante porque, dessa forma, a pessoa que vai comê-lo sabe há quanto tempo ele foi abatido e suas condições de armazenamento”. Renato lembra que, por entregarem pessoalmente os peixes, os detentos também ganham. “Assim o projeto resgata algo que foi perdido na relação do cidadão com a sociedade”, afirma.
Dona Loreci Alves da Silva, moradora do Vila Hortinho, agradece pela iniciativa. “A comunidade aqui é muito sofrida, é mais do que bom quando alguém tenta ajudar”, conta a costureira, que também acredita no papel do projeto na reintegração dos detentos. “O preso tem que ter uma oportunidade de recuperação. Tudo o que é feito para ajudá-los é feito em prol da sociedade”, acredita.
O próximo objetivo é que os detentos tenham mais aulas teóricas com um professor do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais e que alunos da universidade participem da criação dos peixes.
No começo dessa semana novos peixes já começaram a ser criados. Cerca de 3 mil alevinos (filhotes dos animais) chegaram e já estão nos tanques. Nos próximos 7 meses, serão alimentados pelos detentos e, no segundo semestre, haverá uma outra despesca. O projeto, pioneiro em Minas, é resultado de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Defesa Social, o Ministério da Pesca e Aquicultura e a Universidade Federal de Minas Gerais. Os detentos aprenderam como tratar os animais, qual ração utilizar em cada fase da vida, como fazer a higienização do local e a retirada dos peixes.
A ideia de realizar o projeto começou em 2006, mas os treinamentos, os primeiros alevinos e equipamentos vieram em 2010. A primeira despesca foi realizada em fevereiro de 2011. Atualmente, seis presos estão aprendendo as técnicas e trabalhando. Além de uma remuneração de um terço do salário mínimo, a cada três dias trabalhados o preso tem um dia reduzido na pena.
 
Fonte: SEDS
 
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