Nasci em uma família muito pobre, nas favelas do Rio de Janeiro. Meus pais bebiam, brigavam e eram super violentos com os filhos. Então, aos oito anos de idade, fugi de casa e fui para rua mendigar. Sofri muito nas mãos de pessoas que poderiam ter me ajudado a superar os traumas da infância. Na convivência até os 15 anos no internato, briguei, bati, apanhei, abusei e fui abusada. Aos quinze, retornei à minha família, mas a situação era cada vez pior. Já não havia mais carinho e eu não tinha ambiente, pois não sabia entender o sofrimento e pobreza de meus pais. Encontrei um rapaz com situação parecida com a minha e ainda ligado ao mundo das drogas. Eu me envolvi com ele, viemos para Belo Horizonte, fomos morar na Cabana do Pai Tomás. Minha vida se resumiu em drogas, violência, polícia, medo, pobreza, discriminação e, ainda mais, sou negra e acabei aqui no presídio com uma condenação de cinco anos. E para finalizar a fala, a jovem perguntou:
- Padre, onde estava Deus em minha vida? Ele se esqueceu de mim?
E começou a chorar, e muito.
Por: Padre Haroldo Correa
Assessor Eclesial da PcrBH
Para refletir: Como você agiria diante de um relato real deste? Como falar de amor de Deus em vidas tão machucadas e abandonadas?
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